quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Desconexão e a Falta de Rimas


 
Talvez, tudo que eu preciso...
Um pouco de frio, um copo com água;
O sol da manhã, a sombra da tarde;
Aquela roupa, tirar toda a roupa;

Talvez, tudo que eu preciso...
Caminhar na grama, usar social;
Sintonizar uma rádio, desligar a tv;
Perder o foco, me focar em tudo.

Mas talvez, tudo que eu preciso...
Gritar bem alto, calar o mundo;
Manter os pés no chão, voar bem alto;
E com certeza: desejar não precisar de mais nada.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Último Desejo

Ela veio até mim naquela madrugada fria e sombria. Eu estava apenas caminhando no parque como fazia quase todos os dias. Ela não se importou em saber meu nome; quem eu era ou talvez já o soubesse mas simplesmente não tinha importância para ela.
Eu tinha apenas 17 anos e sentia a vida se esvaindo de mim, eu empalidecia, porém, desejava-a como nunca desejei nada em toda minha vida. Eu a queria em mim, ansiava por seu corpo, mesmo tendo consciência de qual era o propósito daquilo e no que iria terminar. Ela, num ritual grotesco, mas prazeiroso, se deliciava com meu sangue.
Por um momento pensei se eu seria o único que tinha aquele desejo ou se todas suas vítimas gozavam pelo mesmo destino.
- Vampira! - Minha vida iria acabar nas mãos de uma linda e sedutora Vampira.
Meu último desejo era ao menos saber seu nome, sua história. Mas nenhuma palavra foi proferida de seus lábios carnudos e escarlates com meu sangue.
E eu, num último suspiro, sorri em meio à dor e ao prazer da morte.

domingo, 18 de abril de 2010

Colecionador de Memórias

Não me lembro de nada antes dos meus cinco anos de idade, até acho que me lembro, mas não são minhas tais memórias, são de pessoas que conviveram comigo e que sempre me contaram. Acabei tomando como minhas.
Não sei o motivo deste texto, talves nem exista ou talves eu descubra num outro tempo, mas também fica para a memória.

O fato é que hoje ainda possuo a dádiva de poder me lembrar quase tudo que vivencio. Amanhã eu já não sei se conseguirei, mas enquanto me for possível tal proeza, guardarei elas e as manterei protegidas, porém, de fácil acesso para quando me for preciso relembrá-las.

Podemos dividir as memórias em dois atos antagônicos: o da Felicidade e o da Infelicidade...
Onde nenhuma Felicidade por nenhum motivo dura para sempre, são momentos ao qual passamos que desejamos que dure para sempre no instante que passa, mas em contrapartida, inconscientemente queremos que passe, porque queremos compartilhar a "informação" vivenciada com quem temos confiança e amizade. É esse o papel e o final de toda felicidade: armazenar cada detalhe na mente para poder contar mais tarde e ficar em várias memórias.
Não obstante, também possuímos também memórias que nos arremetem à Infelicidade. Essas queremos esquecer ou então guarda-las apenas conosco. mas até para essas lembranças, há uma contrapartida, - ahh, sempre há - porque é dividindo essas memórias com os que temos apreço, é relembrando-as que ficamos aptos para seguir em frente, é compartilhando-as que acumulamos experiências e aprendemos como agir diante de novos osbtáculos.

Mas... o que fazer com tais memórias?
Taí, uma pergunta inútil, quase sem resposta ou com uma resposta muito óbvia se preferirem: muitas coisas ou talvez coisa nenhuma...
... De uma coisa tenho certeza, o que não dá é viver sem tê-las.

domingo, 28 de março de 2010

Eita, que este blog ta quase entregue pras traças O_O
*limpa as teias* ririaiririiairiir
Bem, eu nunca disse que seria um blog com milhões de textos todos os dias rs

Então pra manter aqui atualizado... vou usar de Bukowski pq estou sem criatividade 8DDD
Alias, é praticamente um texto-tema do blog UHSAHSAHU


"Tudo o que era mau atraía-me:
gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma, opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil." ~ Charles

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ao que nos enche de esperança...

As cartas que nunca chegaram, resolvem aparecer no correio onde não há nenhuma casa, as palavras nunca ditas antes, hoje soam um canto gregoriano sob um nascer do sol que ainda é escondido pelas montanhas, as promessas não cumpridas são agora pronunciadas com um tom de verdade que é abafado pela realidade, os sonhos não realizados, ganham novos personagens e paisagens que logo são trocados por pesadelos...

A dúvida, ela é o que permanece de mais certo que possuímos, nos deixa então confusos. Lidar com o que conhecemos é mais facil... saber o que esperar, quando esperar e também quando não esperar nada.
Mas quando fogem desses padrões ao qual deixamos nos acostumar e nos apegar para nos proteger de tudo que não seja aquele velho hábito, nos faz perder o sono, nos faz criar novamente aquela velha esperança que juramos nao voltar a ter jamais.

Então, nos deixamos novamente envolver no embalo da dança. Porém não somos mais quem a conduzimos. Somos guiados, sabemos apenas que estamos nos movimentando, mas nem pra onde ou o porque. Tentamos abrir os olhos, mas o salão está escuro.

Desconfiança é o que aparece então. Mas não conseguimos dar força para que ela se rebele e consigamos escapar, porque no fundo ainda queremos continuar na dúvida, na esperança e no escuro. Porque finalmente as cartas estão chegando... as palavras estão sendo ditas, as promessas cumpridas e os sonhos parecem quererem se tornar realidade!

Mas, até quando?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Túnel


Todos sabemos o quanto é exaustivo trilhar o túnel da vida. É decepcionante e até mesmo tedioso quando parece que já estivemos ali antes e que não foi gratificante o quanto desejávamos que tivesse sido...
As vezes é como se chegássemos ao fim do túnel, com luz ou sem luz, o fato é que percebemos que o túnel acabou.
Quando apenas estamos atravessando, a cada novidade, desgostos, erros, tropeções - ou até mesmo momentos memoráveis, porque não!? - o que mais nos perguntamos é: "o que vem agora?" ... Mas quando chegamos ao fim, essa pergunta se transforma numa outra que soa sombria, sem vida, duvidosa, deprimente até. Nos perguntamos: "como continuar agora?". Porque ficamos sem rumo, sem espaço, sem aquele Norte para localizarmos e seguir em frente. Ficamos com medo de ter sido o máximo que conseguiríamos, e que aquele é realmente o fim de tudo.
Mas se pararmos pra analizar toda a caminhada até o momento, tudo o que construímos ou destruímos, veremos que sobrou uma peça, uma peça que não tem importância, que não fez falta... que não iremos dar valor. Mas é sempre com esta peça que construiremos o novo caminho a trilhar. Porque nos preocupamos muito em achar "a luz no final do túnel", - pensamos que trilhamos apenas um em toda nossa vida, mas se fosse assim, eu acreditaria no destino, que não podemos mudar o que já foi dado a nós lá no ínicio - mas como eu não acredito na pré-determinação... é em construir os novos túneis que temos que nos focarmos, construi-los com que já temos ou sobrou do anterior e com o que queremos que o novo se torne. E quando tivermos ele pronto, poderemos voltar à velha e nostálgica pergunta que nos faz querer continuar, que nos move; a clichê: "o que vem agora?"

sábado, 30 de janeiro de 2010

Dinastia

Era a melhor época do ano para o jovem Rei Amenior Alencaster, quando as mais belas camponesas eram escolhidas - as vezes por espontânea vontade; noutras por obrigação - para irem até os aposentos reais para se entregarem aos mais diferentes desejos do rei, cada uma na sua vez ou por grupos, à vontade da vossa majestade até que ele se casasse com alguém da nobreza. Era a tradição do reino deixado a várias gerações pela Dinastia Alencaster. Nem todos concordavam, mas todos pensavam que tinha de ser cumprida uma vez à cada primavera...

Anne, uma das mais pobres camponesas que apesar de marcada com calos nas mãos e pés, com figurinos rasgados e sujos, não deixava de chamar atenção por ser talvez a mais bela camponesa da redondeza; com seus cabelos naturalmente ruivos e volumosos de pele bronzeada e macia e de uma inocência virginal onde apesar de seu corpo mulheril, tinha apenas seus 15 anos e uma vaga esperança de se casar com um nobre e tirar toda a família da miséria a qual passavam.
Mas não foi o que o destino reservou para ela, ela foi pega na floresta pelos guardas do rei tendo a certeza de que ela seria uma escolha à grado do vosso senhor.
Quase como prisioneira, ela chegou à corte e Amenior ordenou suas vassalas a vesti-la como uma Condessa - impressionante como por detrás das duras marcas do sofrimento, escondia-se tal beleza e vigor - e não contendo o desejo de possuí-la, contra a sua vontade, ele a obteve, obrigando-a a fazer os mais variados tipos de erotismos.
Ele jamais a esqueceria, naquela noite não quis mais nenhuma outra escolhida para tal evento, mas ela ele também não poderia ter por muito tempo, já que ela era apenas uma pobre camponesa e a corte jamais aceitaria tal como rainha. Ele a deixou ir.


Quatro meses de passaram, o reino estava em crise, o poder de Amenior estava defasado. Seu tio Dolf Alencaster, duque de terras próximas armara o golpe que iria distituir Amenior do trono que lhe era seu por direito. Tal golpe fora concluído duas semanas depois quando Amenior fora caçado como um escravo a ser enforcado. Por sorte, escapara com vida pela floresta ao norte. Ficara quase um mes comendo apenas frutas e bebendo da água do rio. Nunca antes havia experimentado tal miséria e falta de conforto e seu corpo sentira isso e não aguentaria por mais tempo. A ponto de cair de fraqueza, uma camponesa o segura... Ele não conteve a surpresa e ao mesmo tempo o medo de que ela o reconhecesse e quisesse vingança.
Anne o levantou com certa dificuldade, mas conseguira escora-lo nela e andarem - talvez os sacos de arroz que tinha de carregar uma vez a mes a tenha deixado mais forte que uma mulher da corte - até sua casa. Lá ela lhe deu o que comer e beber... mas não o reconheceu diante da barba grande e os trajes em que se encontrara e também porque tinha sido espalhado pelo reino a notícia de que o rei falecera e o tio como mais próximo do trono, tomaria lugar - ela dera graças a deus por isso, tamanho ódio que tinha pelo Amenior.
"Jassiê" era o nome que ele informou à Anne como sendo o seu nome. Ela deixou que ele morasse com ela e a mãe, já que o pai falecera não havia muito tempo e precisavam de ajuda na colheita. Ela via beleza nos olhos de Amenior, e achava que ele ficaria muito apresentável se usasse roupas nobres e fizesse a barba - você ficaria como um "rei" - era o que ela dizia a ele. Mas ele sempre dava uma desculpa para não fazer tal coisa.

Alguns meses se passaram e Anne estava perdidamente apaixonada por Amenior, ela porém, queria contar a verdade, lhe expôs seus sentimentos e confessara que já não detinha a mesma pureza doutrora.. porque havia sido violentada sexualmente pela pior pessoa do mundo. Amenior por sua vez sentiu aquelas palavras lhe perfurarem a alma, mas também estava amando Anne e não queria perde-la - "sou um novo homem" - era o que pensava.
Mas quando os dois finalmente conseguiram um tempo juntos. O modo de beijar, tocar e até mesmo a respiração de Amenior era familiar pra Anne que na mesma hora dera um grito de horror - ela o reconhecera - e tentou correr, mas Amenior foi mais rápido e agarrou-a nos braços, jurou-lhe amor e pediu-lhe perdão com as mais sinceras lágrimas escorrendo por todo seu rosto. Anne também não conseguia negar de que amava aquele homem, não o homem que estuprou-a sem piedade e a tratara como um animal... mas sim aquele outro homem que ela achara na floresta, indefeso, prestativo, gentil e protetor. Ela o queria não importava mais o que ele tivesse sido ou feito no passado.

Anne fora levar comida para o seu amor que se encontrava na floresta pegando frutas, pois era Primavera... mas no caminho, os guardas viram-na novamente e a pegaram...

Amenior sabia o que aconteceria à Anne... mas o que fazer? Se tentasse salva-la, seria pego e morto; se não fosse, sua amada seria possuída por outro homem. Ele não teve escolha a não ser tentar se passar por servo e se infiltrar no lugar aonde ficavam as camponesas. Teve de ser muito rápido pois a vez dela chegaria em breve. Com muito custo conseguiram fugir, mas já saindo nos portões e começando a adentrar na floresta, duas flechas das trorres atingiram Amenior que caira sangrando. Anne gritava, tentava puxa-lo e fugir, mas não havia tempo para tudo isso.
Amenior lhe disse:
- corra, se salve!!!
- mas e vc? - ela estava histérica.
- apenas se salve meu amor.
- mas o que será de nosso filho?
Ele sorriu com a surpresa da notícia e respondeu aos sussurros:
- com você ao lado dele, no futuro ele será um rei, um Alencaster, mas acima de tudo... ele será um camponês, como eu fui.

Só restou tempo da Anne fechar os olhos de Amenior e correr até à floresta...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Queremos... Experimentar!




Uma vez eu e meus amigos resolvemos fumar... sim, porque nao experimentar o tabagismo e ver o que de tão bom existia nele para que várias pessoas ao nosso redor nao largassem seus cigarros por nada?

Então compramos um maço de sabor cereja... não íamos simplesmente pegar esses normais com um cheiro totalmente horrivel, se fosse para experimentar, que fosse algo que soasse elegante...
Fumamos cada um, apenas um. Viemos para minha casa e sem eu saber o maço encontrava-se no meu fichário... minha irmã quase viu... o que eu diria? - Trabalho escolar... Não, não ia colar.
Resolvemos então, fumar no meu quarto... o cheiro não era de cigarro normal... meus pais jamais saberiam o que vinha a ser aquele cheiro... mas no ato, minha irmã mais velha começou a subir as escadas, ela sim, descobriria o que era com seu nariz aguçado, sua curiosidade além do limite e sua vontade inabalável de tentar me tirar o pódio de filho perfeito.
Mas fomos mais rápidos... apagamos o cigarro e perfumamos o quarto com loções. Mas o nariz dela era fora do comum e de algum modo percebeu que havia um cheiro diferente, nao conseguiu distinguir, mas sabia que estávamos aprontando.

Bem, até hoje ela nunca descobriu de fato o que escondíamos com tanto gozo... e os anos passaram comigo mantendo o pódio de filho perfeito, não sabemos até hoje o motivo das pessoas de ainda continuarem com seus inseparáveis cigarros que nem de cereja são... E
eu ainda continuo com um cigarro de cereja em meu quarto, mas não... eu nunca mais fumei.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Nada melhor que começar um post de Blog com um poema de um mestre...

"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."

Fernando Pessoa


...



~ As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.